A cidade mais rica do mundo, símbolo máximo do capitalismo global, pode estar prestes a eleger um prefeito com perfil que rompe todos os paradigmas tradicionais da política nova-iorquina. Zohran Mamdani, deputado estadual pelo Queens, venceu as primárias do Partido Democrata e agora é o favorito na corrida eleitoral para comandar Nova York.

Muçulmano, filho de imigrantes e abertamente socialista, Mamdani vem mobilizando jovens eleitores com uma plataforma que inclui propostas como ônibus gratuitos, congelamento de aluguéis e criação de mercados e creches públicas — financiados, segundo ele, por meio de aumento de impostos sobre milionários. Seu plano mais ambicioso prevê a destinação de US$ 70 bilhões à moradia pública, além da criação de um novo departamento de segurança comunitária com foco em assistência social e menor presença policial.

O discurso vem viralizando nas redes sociais e gerando entusiasmo entre voluntários e eleitores que veem em Mamdani a chance de transformar Nova York em uma cidade mais justa e acessível. “Queremos uma cidade para quem trabalha, não apenas para quem lucra”, declarou o candidato em evento recente no Brooklyn.

No entanto, seu avanço preocupa setores tradicionais da política americana. Republicanos o classificam como “ameaça socialista”, enquanto democratas mais conservadores — ligados ao establishment representado por figuras como Hillary Clinton — o acusam de radicalizar o partido. Mesmo assim, Mamdani lidera as pesquisas a seis meses da eleição.

O contraste entre o perfil do candidato e o cenário que tenta mudar é gritante: Nova York abriga 384 mil milionários, mas também convive com uma população em que 1 em cada 4 moradores vive na pobreza. É nesse abismo social que Mamdani aposta para virar a chave do poder na cidade mais emblemática dos Estados Unidos.