A tradicional apresentação da Banda Brucelose no Alto do Moura, realizada na tarde desta terça (24), dia de São João, teve uma ausência notada por fãs e curiosos: o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, não participou do show. Sanfoneiro e um dos donos da banda, Gilson era esperado para subir ao palco em Caruaru, cidade com a qual tem forte ligação, especialmente durante o período junino. No entanto, manteve-se afastado dos holofotes, em mais um gesto de reclusão desde que foi alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 13, no Recife.
Gilson Machado (PL) foi preso pela PF por suspeita de tentar obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), de quem o pernambucano foi ministro do Turismo. Após a prisão, ele foi levado à superintendência da PF no bairro do Pina, passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) e transferido para o Centro de Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde ficou em cela isolada dos demais detentos “para a garantia da sua integridade física”, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária.
A prisão foi revogada ainda na noite da sexta-feira (13) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e Gilson foi solto por volta das 23h. Ao deixar o Cotel, concedeu entrevista à imprensa e classificou a prisão como “um mal-entendido”. “É importante salientar que a revogação da prisão foi feita pela mesma pessoa que decretou, que foi o ministro Alexandre de Moraes. E estou pronto para qualquer esclarecimento que porventura seja oriundo desse mal-entendido”, afirmou.
Nos últimos dias, Gilson voltou a se manifestar nas redes sociais, lamentando não poder acompanhar a Brucelose nas apresentações juninas por conta das restrições impostas pelo STF. “Nunca pensei que fosse impedido de viajar o Brasil para fazer o que mais gosto. Estou triste, minha família está triste e os milhões de forrozeiros que vão aos shows também. Deus abençoe o Brasil. Não há mal que dure para sempre”, publicou em seu perfil no Instagram.
Desde então, o ex-ministro evita aparições públicas, apesar de ter negado qualquer envolvimento com o caso. A expectativa de que ele reaparecesse no São João de Caruaru, em especial na tradicional apresentação da Brucelose, banda com a qual toca sanfona, não se concretizou. Nos bastidores do evento, a ausência foi recebida com surpresa por aliados e membros da cena política local. Durante o show, o apresentador chegou a mandar um abraço ao sanfoneiro, em reconhecimento à ligação de Gilson com o grupo. No palco, a banda seguiu normalmente, sem outras menções ao ex-ministro.
Gilson Machado tem 57 anos, é empresário do setor de turismo, sanfoneiro e formado em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O caso que o envolve segue sob investigação da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República.
