Bolsonaro admite apoiar Tarcísio para 2026, mas impõe condição: saída do Republicanos e filiação ao PL

Mário Flávio - 20.06.2025 às 07:13h

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu publicamente, nesta semana, a possibilidade de apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como candidato à Presidência da República nas eleições de 2026. No entanto, o apoio vem com uma condição clara: que Tarcísio deixe o Republicanos e se filie ao PL, partido comandado por Valdemar Costa Neto e base política do bolsonarismo.

Bolsonaro, que segue inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem buscado articular desde já uma candidatura viável para a sucessão presidencial, tentando manter sua influência sobre o eleitorado conservador e sobre os rumos da direita no país. Apesar da proximidade política com Tarcísio, a permanência do governador no Republicanos — partido que mantém diálogo com o governo Lula — é vista como um entrave. Para Bolsonaro, a filiação ao PL seria um gesto de fidelidade ao seu grupo político e garantiria o apoio formal à candidatura.

Outra peça do tabuleiro que vinha sendo cogitada era a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Embora setores do PL desejem lançá-la à Presidência, o próprio ex-presidente voltou a indicar que ela poderia disputar uma vaga no Senado, especialmente por algum estado do Nordeste, onde o partido busca ampliar presença e representação no Congresso.

Durante um evento realizado na quarta-feira (18), Bolsonaro voltou a defender uma mudança estrutural no Parlamento e reforçou a necessidade de eleger uma maioria robusta nas duas Casas Legislativas. “Temos que eleger, no mínimo, 50% do Congresso Nacional em 2026 para mudar a realidade do nosso Brasil”, afirmou, diante de uma plateia de apoiadores.

A declaração reflete a estratégia do ex-presidente de fortalecer sua base no Legislativo, mirando não apenas a Presidência, mas também o controle das pautas conservadoras no Congresso, num cenário em que ele mesmo está impedido de concorrer. Essa ofensiva inclui atrair aliados estratégicos como Tarcísio, hoje uma das principais lideranças em ascensão no campo da direita.

A eventual filiação de Tarcísio ao PL e sua consolidação como cabeça de chapa em 2026 ainda dependem de fatores políticos, mas a sinalização de Bolsonaro amplia a pressão sobre o governador paulista e pode acirrar disputas internas entre os partidos da base conservadora nos próximos meses.