Suprema Corte da Argentina determina prisão de Cristina Kirchner e a exclui do cenário político

Mário Flávio - 10.06.2025 às 18:51h

Nesta terça-feira (10 de junho de 2025), a Suprema Corte da Argentina rejeitou, por unanimidade, o recurso da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner (2007–2015; vice‑presidente até 2023) e confirmou a condenação por fraude ao Estado no caso Vialidad. Com isso, a pena original de seis anos de prisão e a inabilitação perpétua para exercer cargos públicos foram mantidas.

A acusação, feita em 2022, envolve um esquema que favoreceu o empresário Lázaro Báez em licitações de obras públicas na província de Santa Cruz — berço político dos Kirchner — resultando em prejuízo estimado em US$ 1 bilhão aos cofres do estado. A sentença criminal confirma a existência de “administração fraudulenta”, mas exclui a imputação por associação ilícita .

Como Cristina Kirchner tem 72 anos, a Justiça avaliará se ela deverá cumprir a pena em prisão domiciliar, conforme prevê a lei para condenados dessa faixa etária . A notificação formal deverá ser feita pelo Tribunal Oral Federal 2, que definirá os detalhes da execução da sentença nas próximas horas ou dias .

A ex-­presidente, que já anunciou sua candidatura a deputada nas eleições de 7 de setembro, agora fica oficialmente inelegível. Em pronunciamento, classificou a decisão como parte de uma perseguição judicial e autodenominou-se “vítima de lawfare”. Em ato político, afirmou que “estar presa é um certificado de dignidade” .

A notícia teve forte repercussão no campo político. O atual presidente, Javier Milei, considerou a decisão uma demonstração do funcionamento da República; por outro lado, o peronismo, que passou a agir unido, mobiliza base e sindicais, já com registros de protestos e bloqueios em torno de Buenos Aires .

Analistas afirmam que a condenação retira Kirchner da disputa política imediata, beneficiando o governo, mas também pode fortalecer a oposição, transformando-a em mártir e rearranjando o comando dentro do peronismo — observam-se olhares voltados para figuras como Axel Kicillof .

Além deste processo, Cristina continua respondendo em outras frentes judiciais: entre elas, uma investigação por sobornos em andamento e novos processos, como o caso do memorando com o Irã e corrupção no cumprimento de convênios públicos . Haverá nova audiência em novembro por esse conjunto de acusações.