
A relação entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) volta a ser colocada à prova com o envio, nesta quinta-feira (5), de um novo pedido de autorização para operação de crédito no valor de R$ 1,7 bilhão. O projeto foi encaminhado pela governadora Raquel Lyra (PSD) mesmo enquanto outro pedido, no valor de R$ 1,5 bilhão, ainda aguarda votação na Casa sem previsão de aprovação.
O novo crédito, segundo o governo estadual, é destinado a financiar projetos estratégicos e estruturantes previstos no Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, aprovado pela própria Alepe no fim do ano passado. Entre as iniciativas contempladas estão programas como o PE na Estrada, que visa a recuperação da malha rodoviária, e o Águas de Pernambuco, que tem previsão de investir R$ 6 bilhões na expansão da infraestrutura hídrica do estado.
Na mensagem que acompanha o projeto de lei, Raquel Lyra afirma que a contratação de operações de crédito amplia a capacidade de investimento de Pernambuco, possibilitando a execução de ações prioritárias com apoio de instituições financeiras nacionais e internacionais. “A aprovação desse PL é fundamental para que Pernambuco continue a crescer sem deixar ninguém para trás. Com esses recursos vamos conseguir investir ainda mais no desenvolvimento do Estado, recuperando rodovias, levando água a locais que ainda não recebem e executando muitas outras ações”, declarou a governadora.
O secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional, Fabrício Marques, também se manifestou. Segundo ele, a autorização é peça-chave no cronograma de captação de recursos para programas já lançados. “Com esse valor nós vamos poder executar projetos que estão no Programa PE na Estrada, por exemplo, além do Águas de Pernambuco, que ao todo vai investir cerca de R$ 6 bilhões em ações de infraestrutura hídrica.”
Apesar da justificativa técnica, o envio de um novo pedido bilionário ao Legislativo ocorre em um momento de ruído na relação entre governo e deputados, especialmente da oposição e de setores do Centrão local. A tramitação arrastada do pedido anterior — de R$ 1,5 bilhão — é reflexo das tensões políticas, e há cobrança por mais diálogo e transparência por parte do Executivo.
Deputados da oposição têm alegado que o governo precisa esclarecer com mais detalhes a destinação dos recursos e a capacidade de endividamento do estado, que já autorizou mais de R$ 3 bilhões em créditos adicionais desde o início da gestão Raquel Lyra.
A governadora, no entanto, aposta no discurso da continuidade do desenvolvimento e na aprovação do PPA como base de sustentação para o novo pedido. Nos bastidores da Alepe, o clima é de expectativa, mas também de pressão: o governo terá que negociar voto a voto para ver o novo projeto avançar.