O tradicional Palhoção Junino da Rua 3 de Maio, em Caruaru, está de volta. Resgatando uma tradição das décadas de 1970 a 1990, o evento chega este ano com uma homenagem especial à cantora Joana Angélica, ícone do forró nordestino e caruaruense de nascimento. A realização é do coletivo Frente Independente de Artistas (FIA) com apoio do Tejota Ateliê, sem qualquer financiamento institucional, dependendo de uma campanha de arrecadação coletiva para acontecer.
O tema escolhido, “Não Me Olhe”, faz referência à canção “São João Não Me Olhe”, de Joana Angélica, e simboliza a força da mulher negra, periférica e forrozeira de Caruaru. Além de reverenciar a trajetória da artista — que dividiu palcos com nomes como Mestre Camarão e Luiz Gonzaga —, o evento também valoriza a memória e a identidade cultural da comunidade local.
A programação é diversificada e mistura tradição e contemporaneidade. Além da própria Joana Angélica, se apresentam artistas como Cigana Cósmica, Raquel Santana, Valdemar Neto, Vitória do Pife e Rosberg Adonay, além de violeiros, grupos de capoeira e DJs como Felipe Correa e Negroove. A festa também conta com feira criativa, reunindo expositores locais, comidas típicas e produtos artesanais.
O retorno do Palhoção à Rua 3 de Maio, seu espaço original, resgata não apenas uma tradição junina, mas também reafirma o papel da cultura popular como instrumento de resistência, memória e afeto no Agreste pernambucano.
O evento é realizado de forma colaborativa, e o coletivo FIA mantém ativa uma vaquinha solidária para arrecadar fundos destinados à montagem da estrutura, alimentação dos artistas e produção da cenografia. A proposta é fortalecer as redes de apoio, cuidado e celebração da cultura local, sem depender de recursos institucionais.
