Opinião – Carta aberta à governadora Raquel Lyra sobre a crise do IASSEPE/SASSEPE – por Mário Benning*

Mário Flávio - 05.04.2024 às 10:20h

Cara Governadora Raquel Lyra, a crise de atendimento do antigo SASSEPE é anterior a sua gestão, um verdadeiro presente de grego. Porém, apesar desse contexto, como titular do Cadeira de Governadora cabe a Sra. encerra-la. Principalmente pelos inúmeros males que tão situação está causando aos servidores estaduais. Especialmente, no seu berço político, Caruaru no Agreste Central.

Essa crise não será resolvida apenas mudando o nome de SASSEPE para IASSEPE, mas buscando efetivamente a regularização do sistema. Cresci em uma família de servidores estaduais, minha mãe é professora aposentada. E durante muito tempo, o SASSEPE era um consolo frente aos baixos salários da época, pois se a remuneração era baixa havia a certeza que um tratamento digno e célere seria dispensado.

Hoje isso se perdeu, e a angústia é gritante!

O IASSEPE, é um plano que tem 100% de adimplência já que é descontado em folha, se há déficit creio que os servidores de bom grande aceitariam pagar mais pela segurança perdida. Já que nos últimos anos ocorreram mudanças demográficas no país. Contudo se parte desse o passivo foi fruto de corrupção, incompetência ou qualquer outro motivo, responsabilize-se os culpados. Pois isso ocorreu com a cumplicidade do Estado e de seus órgãos de controle, responsáveis pela fiscalização. Ao usar o SASSEPE como barganha política e fechar os olhos aos desmandos., diante disso que o ônus seja de quem permitiu o descalabro, friso se houve.

É necessário dar cara a crise, porquê apenas olhar apenas as tabelas e não às vidas deixa a situação muito confortável. São pessoas e não cifra$ que estão em jogo. É muito cômodo engessar as negociações e as soluções, mas não sofrer com seus impactos. Mantendo um plano privado e com qualquer unha encravada correr em um hospital de referência. Para contextualizar irei citar apenas fatos que posso asseverar, pois os mesmos ocorreram em minha família.

 Meu Sogro, que reside em Caruaru, e sempre foi atendido aqui, teve um AVC pela manhã no dia 23/12/2023. Como em Caruaru o atendimento estava suspenso. Teve que ser removido por HSE, chegou lá e ficou numa maca, num corredor e somente a noite foi conseguido uma UTI para ele o tratamento que nesses casos deve ser célere foi atrasado por mais de 12h deixando-o com sequelas limitando sua vida. A família da minha esposa, ficou indo diariamente visitar o pai. Viajando 130 km por dia, ida e volta para não o deixar só numa UTI, nas festas de fim de ano. E quem não tem essa possibilidade de deslocamento?

Minha irmã, de Gravatá, Professora Estadual, seu filho de 3 anos, teve h1n1 precisou de atendimento e reposição de líquidos e teve que custear transporte, consulta e procedimentos diante da emergência. Ela é professora, categoria que a Sra. congelou o salário ao não repassar o aumento legal do FUNDEB. Meu pai, também de Gravatá, um idoso de 76 anos com: marcapasso, insuficiência cardíaca e safenado. Levou um tombo, dia 01/04/2024 e fraturou o ombro e não tinha atendimento próximo na região para operar.

  Posso citar inúmeros casos de pessoas que tiveram a situação agravada por não receberem atendimento rápido, tendo sequelas ou infelizmente morrendo. Hoje não há como um servidor público estadual de Caruaru e cidades vizinhas ser internado em caso de emergência. Sem despender um aumento as suas já elevadas despesas com remédios e outros insumos.

Se ao ficar doente devemos pensar logo em buscar tratamento e pronto restabelecimento. Para os servidores do Estado, e especialmente em Caruaru e região.  O que passa é angústia! Sem saber se conseguirá atendimento na cidade, se será removido, se conseguirá arcar com os custos! Essa demanda reprimida termina também sobrecarregando o já inchado SUS que não consegue atender a sua procura regular e agora sofre com uma sobrecarga.

Hoje em sua base política a grande maioria das clínicas que sempre atenderam pelo antigo SASSEPE estão suspensas. Isso não afeta apenas os servidores estaduais de Caruaru, mas de toda a região que é polarizada pela cidade. Segundo o IBGE mais de 17 cidades.

E Governadora, escreve essa carta direto de um hospital, o Santa Efigênia de Caruaru. Estou internado há uma semana com: pneumonia bacteriana, infecção viral e asma, passei quatro dias na UTI e estou agora numa enfermaria. Usando o GEAP, o SASSEPE da União.

E um pensamento que sempre me passa, de forma recorrente é e se um familiar meu arriar com essa gripe conseguiria os mesmos cuidado que tive?

E há também Governadora, um outro aspecto hoje o Hospital Santa Efigênia, que assim como a empresa da sua família a Caruaruense. É um marco na cidade, com inúmeros serviços prestados a Caruaru e região. Entrou em recuperação judicial principalmente por esse passivo do IASSEPE/SASSEPE. Funcionários demitidos, famílias sofrendo. Correndo o risco de limitar agora os atendimentos não apenas aos servidores estaduais, mas a população em geral. Está na hora da Sra. rever os indicados para negociar e colocar pessoas que não façam cabo de guerra com as vidas e os corpos dos servidores estaduais.

Mário Benning, Professor Msc de Geografia IFPE/Caruaru.