Opinião – Voto de protesto: o recordista no país – por Paulo Nailson*

Mário Flávio - 13.10.2012 às 12:08h

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Entre as mais variadas análises da eleição deste ano publicadas aqui no blog, relembro a de Mário Flávio, que aborda o aumento da compra de votos e a de Rita de Cassia sobre o voto de protesto, sendo esse daquele eleitor que votou em candidatos sem histórico político reconhecido.

Há outro tipo de voto de protesto que vem crescendo no país inteiro e deve chamar a atenção do universo político. Quando o cidadão vai às urnas e vota branco ou nulo ele dá sinal que não concorda com nenhuma das candidaturas. Somando-se a esses os que não foram votar o número cresce ainda mais. Há 16 anos não se tem um número tão alto no Brasil de eleitores desinteressados no processo ou que discordam dos candidatos propostos.

Branco, Nulo e Abstenção nas principais cidades do Brasil, como São Paulo, Recife e Olinda foram muito alto. No país inteiro 35 milhões de brasileiros colocaram esta estatística em 25%. Pernambuco, só abstenção em foi em torno de 20%. Lá em São Paulo se aproximou a dois milhões de votos (30% de branco, nulo e abstenção) o mesmo percentual que obteve o primeiro colocado José Serra. Em Campinas foi de 37,38%. Na capital pernambucana representou metade dos votos de Geraldo Júlio, sendo mais do que o segundo colocado. Fato repetido também no Rio de Janeiro, sendo que lá, abstenção sozinha ficou em segundo, e somada a branco e nulo chega a um milhão e meio.

Em Caruaru na eleição de 2008 o percentual era de 20%. Houve uma redução disso na atual de quase pela metade, mais creio que foi por conta da revisão biométrica, levando em conta que grande parte dos que se recadastraram pretendiam votar. Ainda assim, somando Branco (4.373), Nulo (6.631) e Abstenção (9.232) chega a 20.236 eleitores, o que dá em torno de 12%

Resgatar a confiança

Esse é o maior desafio dos políticos. Os votos Brancos, Nulos e Abstenções são visto em geral como forma de protesto dos eleitores que perdem o interesse no pleito, mesmo sendo obrigados a comparecerem. Parte dos eleitores está sinalizando descrédito nos partidos e políticos. Há cansaço e desgaste mesmo com o atual “ficha-limpa” que nos fez avançar em certo ponto. Vale ressaltar que entre os números citados à cima tem também os votos que foram zerados por conta dos candidatos impugnados. Ainda assim vale refletir. O eleitor cobra uma mudança de postura dos políticos, que por enquanto, parece ainda está longe do ideal.

O PARTIDO É DE QUEM?

Os números do processo eleitoral revelam que o julgamento do mensalão não afetou o PT. O número de prefeituras subiu 12% (8 para 13) em relação a 2008. Mas nem tudo são flores, houve derrotas em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e mais quatro capitais. Já em Pernambuco o PT sai das urnas atrás do PSB e PSDB. Em Caruaru está num momento delicado onde seus candidatos ficaram muito aquém do esperado, sendo um deles impugnado. A sigla tem eleições para presidente agendada para 10 e 24 de novembro de 2013. Mesmo não estando mais filiado no PT me preocupo com a causa que ele representa. Os erros inaceitáveis de petistas sejam lá onde for não devem ser maiores que o suor e o sangue derramado por outros. É preciso voltar a priorizar a formação de quadros e organização do povo. O país está num novo momento e pede revisão de caminhada dos sindicatos, movimentos sociais e dos partidos de esquerda

Para pensar: “O saber e o viver andam sempre de mãos dadas. Se o primeiro tem a cabeça, o segundo tem os pés no chão.” (Frei Betto)

*Paulo Nailson é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos. Cursa Serviço Social.