
Diretor do Espaço Ciência há 28 anos, Antônio Carlos Pavão foi exonerado do cargo pela gestão Raquel Lyra (PSDB). Nos últimos meses, o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) cravou uma batalha com o então governo Paulo Câmara (PSB) contra a doação de parte do museu para instalação de um centro tecnológico. Segundo informações do Blog do Jamildo.
O cientista explicou que sempre se preparava para uma exoneração em trocas de governos, mas que, desde que assumiu, sempre era reconduzido ao cargo. Nessa quinta-feira (5), entretanto, foi enviado um comunicado à equipe informando que ele não voltaria a ocupar a direção.
“Foi uma forma inadequada, porque esperávamos que tivesse uma transição, para passarmos todos os problemas, mas não houve. Estou saindo e não sei quem vem, mas estou à disposição para ajudar no que for possível”, alegou.
Pavão foi o único atingido no museu, já que a equipe é, em grande parte, terceirizada, e os monitores são estudantes bolsistas. O cientista atribui duas explicações à sua saída: primeiro, a condução política do novo governo em si, e, segundo, a sua resistência contra a cessão de 8 mil m² do equipamento para a iniciativa privada.
A equipe de transição coordenada pela vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) questionou a cessão de cerca de 8 mil m² do equipamento, avaliados em R$ 16 milhões, para a iniciativa privada. Ela foi citada no relatório em tom crítico como uma das medidas tomadas de “última hora” no governo Câmara.
O oficio, assinado por Krause, perguntava qual seria “a contrapartida que o Estado de Pernambuco receberá em razão da doação realizada para Adepe, para que esta ceda o imóvel às empresas privadas” e se existia um projeto arquitetônico para instalação de novos imóveis, considerando que há uma área de proteção ambiental no espaço.
“Temos o interesse em nos aprofundar sobre essa questão, que tem recebido atenção da sociedade. Trata-se de um importante espaço público de responsabilidade do Governo de Pernambuco, por um lado, e de um empreendimento que tem como finalidade algo estruturador para a economia pernambucana, que é a chegada dos cabos submarinos, fundamentais para o desenvolvimento do nosso polo tecnológico”, declarou Priscila, à época.
Para Pavão, não foi uma surpresa. “Desde que começou essa discussão, não tivemos uma posição clara do atual governo em defesa do Espaço Ciência; só pediu esclarecimentos. Então, é compreensível. De minha parte, mesmo tendo permanecido na direção através de alguns governos, em toda mudança eu preparava minha sala para um eventual sucessor. Não foi diferente dessa vez. Nunca pedi para ficar”, disse.
O cientista foi convidado pelo então secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, Sergio Rezende, para assumir a direção do Espaço Ciência em 1995. O pesquisador, natural de Quintana, no interior de São Paulo, se mudou para o Recife aos 44 anos e, desde então, é professor do Centro de Ciências Exatas e da Natureza do Departamento de Química Fundamental da UFPE.