Com o gélido ar da tarde de 19 de agosto de 2012, o último suspiro de Alexandre Ferraz ficou suspenso no infinito. O diretor-presidente do Jornal Extra de Pernambuco transvivenciou após três anos de batalhas contra o câncer. Em todas essas pelejas, sua marca indelével e visível sempre foi um sorriso no rosto e a esperança de que o Autor da História está presente em todas as circunstâncias.
Apesar de carioca, seu coração era nordestino. Isso porque – com a licença para parafrasear Euclides da Cunha – Alexandre Ferraz era, antes de tudo, um forte. E o seu vigor de espírito transmitia serenidade, seriedade, transparência e bom senso aos que tinham a oportunidade de compartilhar alguns instantes com ele.
Formado em Economia, nunca economizou vibrações positivas na sua formação humana. Com o espírito alimentado pela Seiva Nutritiva da existência, exalava o aroma da Caridade e do Amor Fraterno. Sua ligação com o Jornalismo não era baseado em intenções discrepantes, mas tinha como basea premissa de que todos os seres humanos têm a missão de contribuir para melhorar o meio em que estão. Essa perspectiva harmonizou-se com o significadodo seu nome – “Defensor da Humanidade”. Sem dúvida, a certeza de que a humanidade deve ser ajudada pela humanidade (para que a divindade se manifeste) estava presente em Alexandre. Desta feita, o ser humano passa a humano ser mediante o cultivo da humanidade.
Não há como não enxergar traços de um certo Nazareno no caráter de Alexandre. Na estrada e na estada, suas ações apontavam para o Reino proclamado por Aquele que chamou a si próprio de Filho do Homem. Sim, quem olhava para Alexandre percebia, rapidamente, que ele era amigo de Jesus. E é exatamente nEle em quem pomos os olhos, ao lembrar de Alexandre.
Eu creio que a maior lição que o Carpinteiro de Nazaré nos ensinou é que nem a morte pode matar o Amor. A escritora e conselheira espiritual Ellen G. White, no século XIX, já registrava que “para o crente a morte não é senão de somenos importância. Cristo fala dela como se fora de pouca monta. (…) Para o cristão a morte não é mais que um sono, um momento de silêncio e escuridão. A vida está escondida com Cristo em Deus, e ‘quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis comEle em glória’.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 586).
É bem verdade que o silêncio de Alexandre provocador em nós. É bem verdade que a falta dele vai sobrar em cada canto – não só do Extra, mas de toda a cidade. É bem verdade que as lágrimas cairão… Mas é bem verdade também que no silêncio dele ecoa o som da esperança. É bem verdade também que a presença dele estará sempre imiscuída, apesar da ausência. É bem verdade que cada gotícula de pranto que cair servirá para aguar o jardim da esperança.
E, enquanto aguardamos o dia do retorno do Rei, no qual todos estaremos no lugar onde Tudo É, haverá sempre um pouco de Alexandre vivo dentro de nós…
*Jénerson Alves é jornalista do Jornal Extra de Pernambuco