
Zé Bezerra afirma que há desinteresse dos médicos em atuar na rede pública, forçando a contração de profissionais por empenho – Crédito: Mário Flávio/ BMF
O diretor do Hospital Regional do Agreste (HRA), Zé Bezerra Bodocó, e o diretor regional do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), Danilo Souza, estiveram reunidos nesta terça-feira (07) no programa Conteúdo, na Caruaru FM, para discutirem sobre a possibilidade de interdição ética na unidade hospitalar, algo que será colocado em questão nesta quarta-feira (9), na sede do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), em Recife, em reunião com o corpo clínico da emergência.
A discussão sobre o pedido de interdição ganhou corpo após denúncias sobre a falta de cirurgiões gerais na unidade. Segundo Danilo Souza, a Secretaria Estadual de Saúde não dá explicações plausíveis sobre a falta de profissionais, nem sobre porque não se realiza concurso público para a unidade. “Os problemas de falta de médicos no HRA são graves. Nós não entendemos porque a Secretaria não abriu ainda edital para concurso público na unidade. No entanto, o que acontece é que os médicos são empregados por empenho, sem garantia de cumprimento de direitos trabalhistas. Isso é humilhante para um profissional”, explicou.
No contexto
Apesar das reclamações dos médicos, Eduardo Campos garante que governo investe no HRA
Hospital Regional do Agreste poderá sofrer interdição ética
Porém, de acordo com Zé Bezerra, o problema não está na realização de um novo concurso, mas na falta de interesse dos próprios médicos em atuarem em hospitais públicos. “Hospitais como o Hospital da Restauração padecem com esse mesmo problema. Lá, há dois cirurgiões, quando deveria haver cinco. E lá, ainda há a espera de convocação de médicos. Aqui, a convocação se esgotou, os médicos foram chamados, mas eles renunciaram. Geralmente os médicos pedem prorrogação de posse, para depois renunciarem, ou simplesmente não querem atuar. E aí temos que aguardar que seja concluído o processo de convocação e isso demora muito, gera muita burocracia. O jeito então é contratar com empenho, para suprir as necessidades emergenciais da unidade”, esclareceu. Para Zé Bezerra, é mais viável oferecer contratos para os médicos em hospitais que são entregues à supervisão de entidades privadas, através de organizações sociais.
Já sob o ponto de vista do diretor do SIMEPE, atualmente a contratação por empenho não é mais tomada como uma medida emergencial, e sim como uma situação regular no HRA. “O problema é quando as medidas tomadas com urgência se tornam uma situação crônica e permanente na unidade. É o que está acontecendo no hospital e isso desestimula bastante os médicos a atuarem. Se um profissional observa que na rede pública não há as mesmas garantias trabalhistas nem equiparação salarial que corresponda com o que ganha em um hospital da rede privada, realmente haverá desinteresse em trabalhar nas unidades públicas”, rebateu.
O diretor do HRA ressaltou, em resposta, que a administração unidade está presa ao processo burocrático de contratação dos profissionais e que atualmente espera por uma nova abertura de edital para concurso público com vagas específicas para Caruaru. “Estamos no aguardo da abertura de novo edital, já anunciado pela Secretaria Estadual, mas não tomamos decisões sobre a realização de concursos. Espero, no entanto, que cheguemos ao um consenso na reunião de quarta que não seja necessário fazer interdição na unidade”, completou Zé Bezerra.
Com isso Danilo também concorda. O médico diz que o SIMEPE não deseja a interdição, mas que reivindica providências da Secretaria Estadual de Saúde para melhorar o quadro de médicos. O sindicato já expôs oficialmente que acredita que o HRA tenha suporte necessário para oferecer assistência médica adequada, mas não em totalidade.