Por Inaldo Sampaio
O general e ex-presidente da República, Ernesto Geisel, entrou para a história como um militar austero, culto, nacionalista, inflexível no respeito à sua autoridade, e responsável pela transição da ditadura militar para o regime democrático.
Coube-lhe revogar o Ato Institucional nº 5 que foi o mais draconiano instrumento da ditadura para perseguir e sufocar os adversários do regime, preparando o país para a abertura política que se consolidaria na gestão seguinte do general João Baptista de Oliveira Figueiredo, que assinou a Lei da Anistia e restabeleceu as eleições diretas para os governos estaduais.
Geisel se notabilizou também por ter demitido o então todo poderoso ministro do Exército, general Silvio Frota, em 1977, após ele cobrar-lhe a demissão de todos os “comunistas” que haviam no governo e tentar afastá-lo do cargo por um “golpe dentro do golpe”. Agora, para macular a imagem do general, que ficou conhecido como “o homem da abertura”, eis que um documento secreto da CIA (Central de Inteligência dos Estados Unidos), datado de 1974, informa que o então presidente brasileiro autorizou a continuidade de uma “política de extermínio” dos adversários do governo (104 teriam sido assassinados nos porões da ditadura), o que significa dizer que a história do governo dele terá que ser recontada.