Nos anos 80 houve uma polêmica entre um deputado federal e um padre. O ex-deputado era o Severino Cavalcanti e o padre era o italiano Vitor Maracapillo. O padre, então pároco de Ribeirão, foi chamado para celebrar uma missa de sete de setembro, em homenagem à Independência do Brasil. O padre negou-se a celebrar a missa alegando que o povo brasileiro não era independente. Deu rebu. O deputado requereu a expulsão do padre e o General Figueiredo acabou mandando o padre ir para bem longe do Brasil.
Tempos idos! O padre foi anistiado e pôde voltar para visitar o Brasil, enquanto o ex-deputado se envolveu no “mensalinho”, quando presidente da Câmara Federal e foi logo após banido para bem longe. Ao que parece o povo continua sem independência, seja intelectual, moral ou financeira. Muito ao contrário, goza de dependência em diversos níveis, desde o “bolsa família”, passando pelas “cotas”, chegando à indigência dos corredores hospitalares.
O padre estava certo. Celebrar o quê? Os 192 anos do Grito do Ipiranga? O homem que gritou “Independência ou Morte”, um pouco depois se encontrou com a morte, mas a tal independência se aguarda até hoje. O Brasil passou por ditaduras civil e militar. Diziam que Getúlio Vargas era o pai da pobreza. E que, se os militares davam “pau” também buscavam dar o “pão”. Ultimamente o que se vê são os estelionatos eleitorais. Antes o roubo era dos votos, agora é da consciência.
Os atuais candidatos à Presidência da República falam mais dos programas de governo dos adversários do que do deles mesmo. Criam uma confusão na cabeça dos eleitores. E, certamente, estará fadado ao fracasso aquele que se posicionar contra a “esmola” do “Bolsa Família”. Na década de 40, o salário mínimo pagava aluguel, alimento, vestuário e outras necessidades básicas do trabalhador. Hoje serve apenas como referência para certos e determinados índices.
Recentemente, por ser ano (par) eleitoral, acenaram com 8,8% de reajuste, para o salário mínimo do mínimo. Quando deram mais de 10% para o “Bolsa Família”. Mas, os membros de poderes não podem ficar à míngua. E como o salário dos Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) serve de teto para todos assalariados da república, e eles têm maiores necessidades, o auto aumento que se auto propuseram foi de 22%. Enquanto os trabalhadores passarão (ainda em janeiro de 2015) de R$ 724 para R$ 788, os ministros do STF sairiam dos atuais R$ 29.000,00 para R$ 36.000,00.
Deu rolo. E não liberaram no orçamento de 2015. E o Poder Judiciário está em polvorosa. Alegando que o Poder Executivo não pode mexer na independência financeira do Judiciário. Pois é, quando pensamos que o povo brasileiro é independente e merece comemorar a independência, notamos que nem mesmo os poderes da república são independentes e nem tão pouco harmônicos entre si, como assevera a Constituição da República Federativa do Brasil. Enfim, “para pobre não tem governo que preste”.
*Severino Melo – [email protected] – eleitor caruaruense – para quem mandato não é emprego e política não é profissão.