Mais de 50 cidades do Agreste podem ficar sem atendimento do Samu

Mário Flávio - 18.04.2014 às 06:22h

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Entulhos, falta de estrutura, funcionários desmotivados e poucos médicos, essa é a realidade do Samu em Caruaru, unidade que atende a 52 municípios do Agreste de Pernambuco. Devido a todos os problemas, Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), resolveram agir e a unidade do Samu de Caruaru poderá ser fechada.

Não basta entrar no Samu para constatar os problemas enfrentados pela unidade. Uma obra que se arrasta há meses mostra uma sede caindo aos pedaços, com paredes quebradas, fiação exposta, além da falta de segurança e equipamentos quebrados. A reforma que era para ser motivo de comemoração, virou descaso.

Segundo os médicos que trabalham no local, já são mais de seis meses que as mesmas estão paralisadas, comprometendo a segurança de quem trabalha no local. Até o telefone, principal ferramenta do serviço para atender a população, não funciona direito. As gravações das conversas entre médicos, pacientes, motoristas e enfermeiros não estão sendo arquivadas, como determina o Ministério da Saúde.

De acordo com o médico regulador do Samu e diretor do Simepe, Paulo Maciel, a situação ocorre devido ao sucateamento da unidade, situação que vem sendo denunciada pelo próprio Simepe há dois anos. “Fizemos uma fiscalização e várias fotografias para mostrar a gravidade da situação e vamos analisar se vamos pedir a interdição. Tomara que o governo possa fazer algo de emergência, para que a situação de falta de segurança seja resolvida. Essas ações têm que ser feitas em prazo curto, o São João e a Copa estão se aproximando e isso não pode ficar da maneira atual, caso contrário, será um caos”, desabafou.

A crise no Samu de Caruaru também se estende a ausência de profissionais qualificados para exercer a função. Ele reclama que desde a ampliação do serviço para 52 municípios, o número de médicos não cresceu proporcionalmente e falta qualidade aos técnicos em enfermagem. “Com a quantidade de médico menor, temos dificuldades para atender as pessoas e cumprir as escalas de plantão. Uma situação grave também é falta de qualificação dos profissionais de enfermagem que foram colocados nessa quinta região. São pessoas despreparadas e se forem assumir o atendimento sem a regulação médica, a situação é preocupante”, expôs.

O médico ainda fez um alerta sobre as consequências para a população, caso a unidade seja interditada. “O prejuízo é enorme. Desses 52 municípios atendidos pelo Samu, mais de 20 não têm médicos de plantão. Nós atendemos a essas pessoas presencialmente ou por meio do telefone e nos casos mais graves, removemos para outras cidades. Imaginem esse cenário sem o Samu?”, indagou.