Delação de Palocci teria Lula como principal alvo e cita propina em dinheiro vivo

Mário Flávio - 27.04.2018 às 16:16h

Um dia após o ex-ministro Antonio Palocci ter fechado acordo de colaboração com a Polícia Federal, a versão digital do jornal “O Globo” desta sexta-feira (27) afirma que os depoimentos do antigo homem forte do PT comprometem o ex-presidente Lula. Na publicação, o veículo dá detalhes sobre supostas entregas de dinheiro vivo a Lula, que poderiam chegar a R$ 50 mil.

Segundo “O Globo”, os fatos narrados por Palocci na delação premiada “reconstituem o esquema de corrupção na Petrobras, as relações das empreiteiras com políticos do PT e a forma como os ex-presidentes Lula e Dilma se envolveram com negócios que deram prejuízo de cerca de R$ 42 bilhões à empresa”.

Segundo informações do jornal divulgadas na quinta, o acordo para a delação foi acelerado nesta semana e os investigadores já teriam colhido os depoimentos de Palocci. A colaboração, assim como os termos dos benefícios que serão concedidos ao ex-ministro, ainda precisam ser homologados pela Justiça. A expectativa é de que o juiz Sergio Moro homologue a delação em até duas semanas.

No depoimento que deu ao juiz Sérgio Moro, prestado em setembro do ano passado, Palocci já havia citado o nome de Lula no “pacto de sangue” da propina com a Odebrecht. À época, ele afirmou que a empreiteira repassaria R$ 300 milhões ao PT em troca de favores políticos que beneficiariam a empresa.

Dias após o depoimento de Palocci ser amplamente divulgado pela imprensa, Lula se disse decepcionado com o ex-ministro e criticou as declarações “infundadas”. Também chegou a reclamar de expressões utilizadas por Palocci em seu depoimento, como “pacto de sangue” e “propina”.

Antonio Palocci foi ministro da Fazenda de Lula e fez parte dos “três mosqueteiros” que cuidaram da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff ao Planalto. Era dele a responsabilidade de gerir as finanças na corrida presidencial de 2014. Depois de o PT vencer as eleições, Palocci recebeu como “prêmio” a indicação para assumir a Casa Civil. A derrocada do antigo homem forte petista começou em meio a acusações de ter multiplicado em 20 vezes seu patrimônio fazendo consultoria a empresas.

No início do mês, Palocci teve um pedido de habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sete votos a quatro. No julgamento, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a manutenção da prisão de Palocci e citou que a restrição de liberdade era necessária à garantia da ordem pública. O ex-ministro está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde setembro de 2016. Com a decisão do STF, ele continuará atrás das grades por tempo indeterminado.

No mesmo local, mas em alojamentos diferentes, o ex-presidente Lula cumpre pena de 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro desde o último dia 7 de abril, condenação referente ao processo do tríplex no Guarujá (SP).