O Brasil está atravessando uma crise econômica, política e moral nunca antes vista na história da nossa República. Aos poucos o país dá sinais de recuperação da economia, porém, da crise política, intensificada após o processo de Impeachment da Presidente Dilma Rousseff e da moral que acentuou-se com os desdobramentos da Operação Lava Jato, ainda não. Pelo menos é o que indica recente pesquisa divulgada pelo Estadão, feita pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), que aponta oito em cada dez brasileiros (77,8%) afirmam não ter “nenhuma confiança” nos partidos políticos. “Corrupção e falta de capacidade de representar os interesses dos eleitores” são os principais ingredientes que levam as pessoas a não confiarem nos partidos políticos, segundo o estudo. Outra amostragem do levantamento diz que 83,2% dos eleitores entrevistados, não simpatizam com nenhum partido político. Fica, sendo assim, evidente o descrédito dos partidos políticos e dos políticos perante a população.
Na democracia, a existência de partidos políticos é fundamental para a manutenção do sistema democrático, dando sobrevida aos ideais do povo. Com o fim do bipartidarismo no Brasil, depois de um longo e tenebroso período de golpe militar (1964-1985), e retorno do pluripartidarismo, surgem algumas legendas como o PT, PMDB, PSDB e muitas outras agremiações. Para nortear a vida orgânica dos partidos, são criados os programas partidários. Neles, estão as linhas ideológicas e projetos à serem defendidos por aquelas agremiações, a fim de atrair adeptos daqueles pensamentos. Aquilo que deveria ser um instrumento de representação democrático do povo, uma tribuna do povo no poder, acabou sendo um acessório dos grandes caciques políticos. O que aconteceu no nosso caso, foi uma apropriação indevida, por parte dos grandes políticos do país, dos partidos políticos, num apego ao patrimonialismo. Transformando-os em um grande balcão de negócios, onde o partido que tem mais tempo de TV e Rádio, e “maior fatia do bolo” no fundo partidário, vale mais, logo, quem os comanda, tem mais poder de barganha. É assim que funciona, infelizmente.
Sem vida orgânica e ausência total de democracia interna, os partidos entram no abismo da política miúda, desconsiderando por completo seus programas e estatutos, e por conseguinte, os interesses do povo. Somado aos recentes escândalos de corrupção, desvendados pela Operação Lava Jato, o que contribuiu copiosamente para essa grande e grave crise política no Brasil, temos a rejeição à Política. O espelho dessa crise política, moral e de representatividade, está nos candidatos que se apresentam como pré-candidatos à Presidência da República, amargando altos índices de rejeição. Geraldo Alckmin, por exemplo, um político experimentado, conhecido em todo país e que já disputou à Presidência em 2006, apresenta hoje 70% de rejeição, segundo levantamento mensal que o Estadão-Ipsos vem realizando. Ciro Gomes, outro político experimentado na vida pública, já foi governador, prefeito e deputado federal, também apresenta alta em rejeição 65%, logo em seguida Jair Bolsonaro aparece com 64% e Marina Silva com 63%. Claro que na medida que o período eleitoral vai se aproximando, a expectativa desses números tendem a mudar, porque eles (os candidatos), vão se posicionando e apresentando suas propostas, os eleitores vão vendo, conhecendo e definindo seus votos, aumentando a rejeição de uns e diminuindo de outros. Contudo, o alerta está na rejeição da população à política.
A bem da verdade, é que esses estudos e pesquisas, apontam um norte para as eleições de outubro desse ano: ausência dos eleitores no processo eleitoral. Como aconteceu, recentemente, com a eleição suplementar para o Governo Estadual do Estado de Tocantins, em que mais de 51% do eleitorado se absteve, votou branco ou nulo. Para a classe política reconquistar o povo, precisa fazer o caminho reverso de como a política está sendo feita hoje. Não é clichê dizer que as vozes das ruas precisam ser ouvidas. Que o povo precisa ser priorizado. O povo está desencantado da política, por causa dos próprios políticos, mas o voto e participação popular será sempre o dispositivo de mudança. Para mudarmos a política, não devermos esquecer que o remédio é sempre mais política.
Esperança e fé no futuro!!
*Jefferson Paz é graduado em Administração Pública pela ASCES-UNITA e filiado ao MDB de Pernambuco.