Entrevista – Louise Caroline sem estresse e animada para a batalha na campanha de Zé Queiroz

Mário Flávio - 15.07.2012 às 13:14h

A petista Louise Caroline chegou a Caruaru ainda na quinta-feira (12) e voltou do mestrado na Espanha com todo gás para participar da campanha de reeleição do prefeito Zé Queiroz. É o que ela garantiu em entrevista exclusiva ao blog, comentando sobre a responsabilidade que lhe foi dada de integrar a coordenação geral da equipe do prefeito. Mostrando-se mais leve e avessa a estresses com picuinhas políticas, ela conversou sobre o que planeja durante a campanha e avalia de forma contextualizada a integração do PT à base do governo em Caruaru, bem como os problemas envolvendo PT e PSB em Recife.

Sobre sua agenda em Caruaru para os próximos dias, Louise ressaltou que nesta semana estará reunida com a equipe de Queiroz para se atualizar sobre os fatos mais recentes relacionados ao período eleitoral na cidade e que também terá reuniões com a tendência da qual faz parte no partido, o grupo MAIS, para decidir quem apoiará entre os candidatos a vereador pelo partido: Hérlon Cavalcanti, Wilon Dodson, Eduardo Guerra e Zezé. Além disso, nos planos a longo prazo de Louise, consta planejar como o PT sustentará seu espaço na Câmara Municipal e como o partido pode se fortalecer nos próximos anos e desenvolver um projeto de alternativa política viável em Caruaru.

Crédito: Paulo Silva Filho/ BMF

Você retorna a Caruaru e já ganhou uma agenda cheia sendo integrada à coordenação da campanha de Queiroz. Qual será sua função especificamente e o que você planeja para as ações de campanha do prefeito?

Primeiro, ressalto que é muito bom voltar à casa. Vivi uma experiência muito rica, acadêmica, política, pessoal e volto muito animada.Vinha conversando à distância com o deputado Wolney, tive um encontro com o Prefeito na Europa e já se construía uma participação importante minha na campanha. Só ontem (14) é que recebi o convite de compartilhar a coordenação geral da campanha com Wolney e Douglas Cintra. Ainda não tivemos tempo de definir exatamente o papel de cada um, mas, pelo que entendi, vamos fazer de tudo um pouco e um pouco de tudo. Coordenar as equipes setoriais, resolver as broncas, munir o Prefeito de informações suficientes para a tomada de decisões, enfim. E me sinto também feliz pelo reconhecimento da equipe de Zé Queiroz pelo nosso trabalho, nossa lealdade apesar das diferenças, o respeito e a confiança que desenvolvemos. É uma grande responsabilidade, coordenar uma campanha que representa a vontade de vitória de milhares de caruaruenses. Tenho um frio na barriga mas me sinto capacitada e muito animada pra batalha. Especificamente, vou ajudar no Programa de Governo na parte de Participação Social. E na campanha uma força maior na parte de Juventude e Mulheres.

Você já conhecia o trabalho dos outros integrantes da equipe da campanha?

Já trabalho muito proximamente a Wolney desde a campanha de 2004, quando coordenei a Juventude 13 e ele era candidato a vice-prefeito. Durante a gestão, mesmo como Secretária da Mulher, participava de reuniões do núcleo politico com Wolney, Douglas e o Prefeito. Há uma sintonia e conhecimento mútuo. Todo resto da equipe também é conhecida de outras campanhas, da gestão, enfim, me sinto em casa.

Baseada em sua experiência política, qual o foco de ações que deve ser dado durante as ações de campanha para convencer o eleitorado a manter Caruaru sob o comando de Zé Queiroz por mais 4 anos?

Não tenho dúvida que a estratégia é mostrar a gestão, os avanços extraordinários que estão em todos os setores. Caruaru se modernizou de uma forma incrível, com obras e políticas que estão transformando a cidade. Alguém que tenha ficado os últimos quatro anos fora daqui, se chegar agora é capaz de não reconhecer. Tenho, como cidadã, total consciência de que é a melhor gestão que já tivemos na Prefeitura. E isso foi possível pela capacidade de liderança, de decisão, de trabalho do Prefeito, pela dedicação da equipe, mas, fundamentalmente, pela parceria com os governos estadual e federal. Nunca recebemos tantos recursos, fruto desse alinhamento politico, que pra mim, como petista, é uma das fortalezas da candidatura de Queiroz. Queremos pautar a eleição nesses resultados concretos, que estão na vida da cidade e das pessoas. E, ainda mais, se o eleitor for comparar esses 4 anos com os 8 anteriores, do grupo que quer voltar, aí é que não tem jeito mesmo. É incomparável. Por isso Queiroz deve seguir Prefeito. Caruaru não merece passo atrás.

Há alguns governistas que já disseram que essa campanha seria marcada pela disputa da elegância x deselegância. Você concorda com esse tipo de afirmação?

Pelo que senti na reunião que tive com toda a equipe, inclusive o Prefeito, ontem, nossa orientação é tranquilidade. Quando um candidato tem os melhores resultados, quanto mais a campanha for racional, pautada em argumentos, em questões concretas, melhor. Não nos interessa uma campanha despolitizada, muito menos agressiva, ou apelativa. Esse papel é pra quem não tem os dados objetivos que nós temos. Não posso falar como vai ser o comportamento dos outros candidatos, mas o nosso vai ser de tranquilidade e argumentação. Mais substantivos que adjetivos eu diria.

Você acompanhou de longe a forma como o PT negociou com a base do governo em Caruaru. Acredita que as reivindicações de cada tendência do partido foram atendidas?

Acredito que o objetivo do Presidente Vanuccio, e o nosso, nao era atender as reivinicaçoes de cada tendencia, ao contrário, nosso objetivo ao assumir a presidencia do PT é fazer que o partido tenha reivindicações comuns, do partido, pactuadas entre as tendências. Os grupos internos existem para organizar diferenças, na política, e não para organizar interesses individuais. Por isso a negociação foi em torno de um programa de governo, de prioridades que o PT tem pra gestão, de críticas e sugestões e da reivindicação legítima de que o PT é um partido grande, que merece crescer e ser cada vez mais respeitado na cidade. Se o PT cresce, crescem todos os grupos e militantes. Mas isso tem que se dar de forma coletiva.

Mas, você enxerga relação entre as anteriores dificuldades de negociação do PT, aqui em Caruaru, e o imbróglio entre PT e PSB em Recife?

Não, nada a ver. Em nenhum momento o que houve em Recife influenciou a discussão aqui. Pesou mais os problemas de Rogério Meneses com a gestão, que no final foram superados e resultaram num apoio unânime à reeleição de Queiroz.

Certo, mas as discussões em torno do PT em nível local e estadual não levam a refletir que o conceito de Frente Popular atualmente é muito frágil?

A construção de frentes, ao longo da história política no Brasil, é sempre conjuntural. Não temos notícia de campos ou coalizões perenes. No caso da atual Frente Popular, acredito que tanto em Caruaru quanto em Recife, quanto mais puder durar, melhor pra os partidos que a compõem e pior pra oposição. Porque é uma Frente forte, nacional, com projeto de país. O que aconteceu em Recife ainda é muito recente pra avaliar se vai ser definitivo ou não. Por aqui, não influenciou em nada.

Eu vi um comentário seu no Facebook há alguns dias, assim que saiu a notícia da candidatura de Geraldo Júlio, em que você comentava sobre quem realmente era aliado dos petistas, se não me engano. Na sua opinião, quem se perdeu, o PT ou o PSB?

Acho que o PT viveu um processo difícil, traumático e de erros que vamos ter que avaliar e corrigir assim que passem as eleções. Mas o PSB aproveitou essa situação para romper uma aliança com a qual estava comprometido e sempre disse que não ia romper. Então, como toda separação, são erros das duas partes.

Mas você acredita no PT com totais condições de governar o Recife?

Ninguém tem totais condições. Nem candidato do PSB sem nenhuma experiência, nem o candidato do DEM sem apoio estadual nem federal, nem o PT com problemas internos. Mas tenho certeza que quem conhece o Recife e o caminho pra gerir a cidade, dentre e todas as candidaturas, são Humberto e João Paulo.

No contexto de discussões sobre a unidade da Frente Popular, como você avalia a carta aberta de João Lyra e a postura indefinida de Lícius Cavalcanti, que não deixa claro se sobe ou não no palanque de Zé Queiroz?

Avalio com muita surpresa. Não consigo entender a lógica da movimentação deles. Se fosse pra lançar outra candidatura, eu entenderia, como era o plano de Lícius no início. Mas dessa forma, sem objetivos claros, é um erro político, do qual vão se arrepnder. Essa é uma situação da qual eles não têm o que ganhar. Ficar fora de uma eleição que é historicamente polarizada, ocasiona perder muito espaço no cenário local. Muita gente ligada a João e Lícius, por exemplo, estão na campanha de Queiroz. João e Lícius vão acabar perdendo relações com eleitores. Esse movimento só levará ao isolamento deles.

Já deu tempo de definir junto ao seu grupo, o MAIS, quem você apoiará como candidato a vereador em Caruaru?

Ontem tivemos uma reunião do grupo Mais, fizemos um almoço, conversamos um pouco sobre isso. A gente vai tomar posição, mas com muito cuidado, por estarmos presidindo o partido e também por eu estar fazendo parte da coordenação da campanha majoritária. A gente não quer criar uma situação em que os candidatos que não apoiaremos se sintam prejudicados. Mas vamos tomar um posicionamento, sim, pois essa é uma característica do nosso grupo. Só precisamos de conversas muito profundas com os 4 candidato, a fim de zelar pelo respeito a cada candidato.

Em uma conversa anterior com Hérlon Cavalcanti, ele havia me dito que a tendência da qual ele faz parte, junto com Rogério Meneses, a Mensagem ao Partido, tinha ganhado mais proximidade com o grupo MAIS. Isso tem um peso mais forte na hora de discutir o apoio a um dos 4 candidatos?

Certamente que nossos grupos estão com uma afinidade maior, se a gente não estivesse mais próximo, o nome de Herlon nem estaria entre os 4 candidatos a vereador pelo partido. Essa relação inclusive tem peso porque revela que as tendências souberam superar as diferenças de pensamento que os dois grupos vinham expondo há algum tempo. Sem dúvida Hérlon hoje é um nome que tem grande possibilidade de apoiarmos. Mas, da mesma forma, temos o nome de Wilon, que tem uma relação próxima com o MST e Eduardo, com quem nosso grupo tem uma relação mais antiga.

Como você avalia esse momento de Vanuccio Pimentel como presidente do diretório municipal do PT?

Primeiro com muita felicidade. Eu sempre dizia que entre ser vereador e ser presidente, eu preferiria ser presidente do partido. Pois a aposta no partido é algo a longo prazo. E Vanuccio está administrando isso muito bem. O PT já passou da hora de construir um projeto de alternativa viável para da cidade. Não escondemos isso de ninguém, nem dos eleitores, nem do prefeito, nem da imprensa. Mas para alcançar esse objetivo, dirigir o partido era muito importante para nós. Não é simplesmente porque Vanuccio é do meu grupo, mas porque msotrou que o PT pode superar as diferenças das tendências, e isso se mostrou no apoio à reeleição de Zé Queiroz, que foi algo bastante dialogado entre todos os membros. Nunca na história da cidade, o PT esteve na coordenação geral da Campanha. E agora temos o desafio de manter o partido na Câmara Municipal.

E Elba Ravane a frente da Secretaria Especial da Mulher? Você acredita que ela soube administrar bem esse cargo?

Sou só orgulho. Eu dizia a ela ontem. Na política, se diz que um bom político é quem manda em tudo. Isso é algo que persiste na mentalidade de políticos em Caruaru, por exemplo. Mas, um bom político é quem consegue construir sucessores. E disso eu me sinto muito orgulhosa, porque Elba tomou a frente sem minha interferência, e está muito bem avaliada internamente e junto aos movimentos sociais. Não precisei acompanhar a gestão dela na secretaria virtualmente, nem ficar entrando em contato, até porque eu estava sem telefone na Espanha. Inclusive, eu disse a Elba que já dei minha contribuição e que ela pode continuar dessa forma, gerindo a secretaria, e claro, construindo um espaço para alguém sucedê-la no futuro, pois isso faz parte do desenvolvimento do bom político.